domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amor - 2012

Cineasta: Michael Haneke
Gênero: Drama
Origem: França/ Alemanha/
Áustria
Áudio: Francês
Legenda: Pt-Br



Domingo, dia de filmes, a não ser que o Faustão entretenha a sua tarde. Nada como avaliar mais um dos indicados ao Oscar, que surge como um dos favoritos, em uma premiação que ao meu ver, está um tanto fraca esse ano. Faltaram a exceção de Django Livre, grandes titulos, peças originais e chamativas, contudo "Amor" não é de longe ruim, é apenas, abaixo do esperado. 

A sinopse indica, um casal de idosos que tem que lidar com o fim da vida, a proximidade da morte. É pressuposto uma delicadeza sem tamanho para todos aqueles que aguardavam o filme, aquela poesia já meio gasta, mas que sempre comove a todos os espectadores, com os dilemas da vida, esperando disso, diálogos longos, lembranças, diversos flashs. Bem, Amor é muito mais cruel que isso, chega a ser castigador e agoniante, aceitar o fim da vida como algo doloroso para muitos. Definhar perante a vida, em um curto processo, é o que aborda o longa, que abusa muito bem do pequeno espaço que decidiu tomar como base para quase todo o enredo, um apartamento. Aliás o processo de definhar, surge tanto nos habitantes daquele apartamento, quanto no próprio cenário, que aos poucos se torna não mais ilustre como outrora, o recanto de pessoas de nível cultural, mas um lugar depreciado pela doença, pela falta de vida, pela ausência mental e de certa forma física de Anne, esposa  Georges, que é diagnosticada com "Mal de Alzheimer". O casal admirado até então, se torna alvo da dó, e da pretensão de intervenção por parte dos familiares, que já não reconhecem mais nos dois, a capacidade de viverem sozinhos. Sendo assim, sentimos até mesmo o espaço empalidecer, com a proximidade do fim, dando espaço até mesmo para a figura de uma pomba, que teima em invadir o hall de entrada, como o simbolo do vazio, da falta de vida, do inabitado. E é assim mesmo que somos conduzidos a ver um Georges que também morre aos poucos, como pessoa, em sua sanidade, lutando avidamente para se mostrar capaz de cuidar de sua esposa, que aos poucos vai piorando em suas debilidades. Anne é outro personagem que nos prende em seu processo de decadência, aonde para ela o mais importante é manter a dignidade, independente de suas condições, até que sua sanidade se esvai por completo e ela passa a ser apenas uma figura de grande dor, para aqueles que a cercam. Até mesmo sua intimidade com Georges em certos momentos, é colocada a prova, pela vergonha da debilidade.

Georges acaba sendo o personagem mais trabalhado da trama, sua fidelidade com o pedido de Anne de não ser internada é cumprida com vigor, de um homem que coloca o amor de longos anos acima de qualquer pensamento lógico. Ele segue com devoção e ao mesmo tempo melancolia aquilo que considera ser o certo, não considerando a ajuda de ninguém para tal, exceto da enfermeira que contratou. Haneke soube conduzir muito bem o roteiro que ele próprio esboçou, escolhendo dois protagonistas a dedo, e deixando o filme completamente linear e fácil de ser digerido, aonde tudo é de certa forma previsível  principalmente para aqueles que já tiveram contato com a doença que é abordada no filme, como dito tudo é previsível e conduzido para um final bem esperado, que no entanto é alterado segundo a teoria de que ambos estavam sendo afetados pelo fim, em igualdade imperceptível. Apesar disso tudo, a forma esmagadora como é lançado na tela a conclusão de seus pensamentos, Amor acaba decepcionando ou amargando os mais românticos, ou os mais entusiastas que esperam no alvorecer dialogos mais convincentes, em detrimento com a dor das imagens, Amor é um tanto real quando deveria ser e surreal em tons que o azedam um pouco, para os mais românticos, como assumo ser de fato, deixando esse texto exageradamente pessoal. 

Apesar de uma receita sublime, um tanto desandada, daquelas que falta uma pitada de sal, Amor é uma ótima pedida pra esse final de domingo, e para os que ainda querem completar a lista de indicados ao Oscar. Bom filme! 


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