terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Dama de Ferro - 2011


Cineasta: Phyllida Lloyd
Gênero: Drama/Romance
Origem: Reino Unido
Áudio: Inglês
Legenda: Português



Trabalhar com arte é sempre um trabalho cujo resultado pode ser multifacetado, e com o cinema não é diferente, ás vezes as camadas mais irrelevantes de um filme podem dar brechas para interpretações mais profundas do que se fora intencionado. Esse é exatamente o caso de A Dama de Ferro.

De acordo com a diretora Phyllida Lloyd (do divertido Mamma Mia!), o presente filme nada diz respeito sobre direita ou esquerda, aliás, a cinebiografia de Margaret Tatcher não traz qualquer conotação política, ou melhor, não deveria trazer. A intenção de Lloyd era apresentar um filme sobre simplesmente a carreira de uma mulher, os percalços encontrados no caminho e etc., mas como eu disse, trabalhar com arte abre brechas para diversas interpretações.

Às vésperas da República no Brasil e últimos suspiros do Império, foram difundidas imagens de D. Pedro II já em idade avançada, cansado, a intenção era retratar um regime político ultrapassado, decrepto e essa leitura é possível ao nos depararmos com as cenas de uma ex-primeira ministra sofrendo de demência e tendo alucinações com seu falecido marido. Mas não é só isso, as cenas mais efêmeras que apresentam a carreira política de Tatcher podem se tornar poderosas críticas, desde os argumentos por ela usados até a reação de seus colegas. Ademais, essa brecha é conveniente para que façamos uma ponte com o presente, o ano de lançamento do filme fora um dos mais escandalosos no que diz respeito à crise européia com a questão da austeridade, o enfraquecimento dos sindicatos... todos esses elementos se fazem presentes no filme.

A atuação de Meryl Streep é impecável como de costume, ainda mais quando podemos constatar as oscilações da personagem dentro de sua vida política, familiar e até mesmo em sua saúde e disposição.

Pode não ter sido a intenção da diretora, mas A Dama de Ferro dá margem para discussões políticas inclusive atuais, de outro modo, podemos ficar discutindo a demência de uma mulher aposentada.

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