terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Os Amantes da Ponte Neuf - 1991

Cineasta: Leos Carax
Gênero: Drama/ Romance
Origem: França
Audio: Ingles
Legenda: Portugues




Salve! Meio da semana, também é tempo de filmes? Para nós cinéfilos, certamente! O tempo não deveria ser dotado de tantas obrigações, deveriamos ter mais escolha, liberdade. Tal como eu, muitos de voces não tem tempo continuo para filmes, por conta do traballho, dos estudos. Que tal ver um pouco de uma situação reversa, mesmo que sem intenção, ou com ela, no filme conceitual do brilhante Leos Carax? Seus personagens aqui, são completamente livres, desviados dos padrões estabelecidos para a sociedade, soltos no mundo, nas ruas, em uma ponte, da qual chamam de lar. Isso é tudo meio filosófico, mas até mesmo, pessoas com tempo "livre, acabam se envolvendo em um ciclo de acomodação. Vamos dissertar sobre isso, após a sinopse.

Pont-Neuf, a ponte mais antiga de Paris, serve de abrigo para muitos sem-teto. É lá que Alex (Denis Lavant) conhece Michele (Juliette Binoche). Ela é uma pintora de classe média que, fugindo de um relacionamento que não deu certo, decidiu viver nas ruas para pintar o máximo possível antes que fique cega em função de uma doença. Alex ganha alguns trocados fazendo perfomances circenses, mas é viciado em álcool e sedativos. Eles se tornam amigos e amantes e dividem as duras experiências cotidianas das ruas. O relacionamento entre os dois acaba se tornando uma dependência, e o medo de Alex perder Michele se torna massacrante.

Carax, em seu filme conceitual, tenta provar a toda uma geração, sua diferencia dos demais cineastas da época. É fato que com Luc Besson e os demais de sua geração, seu cinema foi considerado extravagante, forçado e até mesmo chamativo a ponto publicitário. Por tal motivo, Carax ficou afastado de comparações com genios do mesmo caláo. Hoje na soma de suas obras, vemos cultura fundamentada, e filmes repletos de dialogos existenciais e compreensões mascaradas, que infelizmente foram lançados na época errada. Carax é mais articulado e enraizado que seus contemporaneos, sua obsessão por cores, é mesclada por sua escancarada paixão pelo cinema mudo, deixando seus filmes absurdamente caricatas, que abusam de agilidade e em contraponto, dialogos fascinantes. A condução de seus personagens ao constante caos, mesmo em momentos de romance, nos leva a sentir na pele as dores e incertezas humanas, que existem em cada um de nós, ao ponto de comparações intimas.

O que mais perturba a industria, talvez, seja o fracasso financeiro do longa. Os Amantes da Ponte Neuf, apesar de hoje ser considerado um classico, fracassou, em comparação com o investimento feito. Carax usufruiu de um cheque em branco, para criar nos estudios, sua paris artificial, que contudo contrasta com a obra barroca de Sangue Ruim, vemos uma Paris completamente realista, esplendorosa, um mega investimento, para contar a história de dois mendigos, absortos na pobreza. A grandiosidade, diante da eloquencia, de seu Alex, dos transtornos de sua Michele. A presença fisica da paixão, da dependencia emocional entre ambos toma conta de todos os planos, e Carax tão peculiar com seu cenário, abandona muitas vezes a lógica, para a conquista de seus personagens em todos os planos, muitas vezes inusitados. Esse amor, muitas vezes transformado em tragédia, move o filme e nos coloca nos pontos citados no inicio da resenha, aonde a acomodação para uma vida de liberdade toma conta dos dois, ao mesmo tempo que Michele se encontra nesse estado, por exaustão, abandono e a progressividade de sua cegueira. O amor, partindo para o prisma de egoísmo, leva Alex a esconder a possibilidade de cura de Michele, tal como o leva a jogar o dinheiro dos dois fora, para não sair daquilo que ele considera seu lar, sua rotina, sua integração e exclusão no sistema, na sociedade, a antiga Ponte Neuf. 

Carax é sim agressivo e antinarutalista, mas não se torna em nenhum momento fútil, a crítica pre-julgou suas obras, as tornando superficiais. Contudo é fato que de Murnau a Godard, impressionista e reprodutor de conceitos, Carax é extremamente fundamentando em seus dramas existenciais, na sua busca para compreender o comodismo, e a guerra nula de nós humanos, contra nossa natureza, ou mesmo a aceitação. No campo estetico, o filme se compromete com todos os detalhes, Carax ama sua reprodução de Paris, sua visão de grandiosidade e cores, diante da pobreza extrema de seus personagens, da riqueza e simplicidade de suas ações em um amor nada convencional. Vale então definir a fotografia como artificialmente perfeita, um dos pontos fortes do cineasta e também mencionar mais uma vez camaleão do Rock, David Bowie, na trilha sonora. No campo das atuações, Juliette Binoche (Sangue Ruim, A Liberdade é Azul) foi realmente incrivel, interpretando com muita realidade a cegueira de Michele, seus anseios e fobias, e Denis Lavante (Holy Motors, Sangue Ruim), mais uma vez fazendo tabelinha com Binoche, está mais caricata do que eu seus outros filmes, insano e encarnado em seu personagem.

  Sem muita coisa a adicionar, só me vale desejar, nesse meio de semana conturbada, um bom filme e um julgamento justo, para o melhor cineasta frances, dessa geração.


Um comentário:

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