segunda-feira, 28 de março de 2011

E La Nave Va - 1983

CINEASTA: FEDERICO FELLINI
GÊNERO: COMÉDIA/FANTASIA
ORIGEM: ITALIA/FRANÇA
DIÁLOGO: ITALIANO
LEGENDA: PT-BR
DURAÇÃO
: 128 MIN
FORMATO: RMVB



Fellini está de volta !! Não faz muito tempo que eu postei Oito e Meio dele aqui no blog, contudo por força maior (eu diria a tremenda qualidade de mais um filme que eu acabei de ver dele) resolvi retomar minha analise sobre o mestre italiano. E nada melhor para definir um diretor que suas próprias obras. Então lá vai mais uma. Dessa vez uma comédia fantasiosa, com um tom triste bem argumentado, assim carregando toda a paixão dos filmes italianos, fato que passou a chamar a minha atenção nos últimos dias, e que fez optar por dar preferência ao cinema europeu no decorrer dos meus posts. Um experimento do qual eu convido os nossos fiéis leitores a experimentar. De qualquer forma é difícil limitar nossos filmes por origem, contudo existem certos traços que os diferenciam, tomados pela experiência cultural de cada país, envolvendo o sentimento pela história, e a necessidade de passa-la de alguma forma...Bem eu acabei me estendendo, empolgado com essa nova meta. Vamos voltar a filme. Nada mais justo então que uma pequena sinopse crítica, isso facilita a entendermos até mesmo as minhas divagações.

Um fato importante para falarmos sobre esse filme é a ausência do Nino Rota na composição da trilha sonora, ele era ativo em todas as obras de Fellini, contudo faleceu, o que fez com que o mestre italiano voltasse a sua visão para a ópera. Particularmente é agradável que Fellini tenha optado por essa escolha, o filme é conduzido pela música, deixando mais gostoso de se ver, contraposto aos personagens excêntricos desenvolvidos aqui. Aliás nada mais justo para uma comédia que a ópera decorando-a, ainda mais encenando um grande conflito, A Primeira Guerra Mundial. Sim temos aqui uma brincadeira crítica com um fato histórico, isso é divino, ainda mais não sendo o foco. Ironicamente, o filme é um cortejo fúnebre. O navio Glória N. parte com a nata da cena operística mundial em direção à Ilha de Erimo, para espalharem sobre o mar que a rodeia as cinzas da maior diva de todos os tempos: Edmea Tetua, a parte comica é que tudo parece uma espécie de alegoria medieval, visto aos personagens, alguns músicos, outros pervertidos sexuais e por ai vai.  A partir daí passamos para o estado de cúmplices,  principalmente embarque no cais, é aonde podemos partilhar o sentimento dos personagens, de uma forma onipresente (não sei se posso definir assim). O fato é que aos poucos o sentimento se apodera de nós, a cada descoberta, a cada segredo revelado. Não sou um especialista, tão logo um profundo conhecedor, mas fica a impressão do filme ser um primoroso exercício de metalinguagem e um diálogo com o cotidiano artístico-musical. E la nave va, a confusão entre navio-palco, realidade-ópera, personagem-cantores serve para elevar esse nível artístico-cultural ao patamar mais plural possível. Bom, vou deixar de forma conclusiva essa observação, sinto não poder ir além ainda, mas meu pequeno esboço está formado. Não vou adiantar mais nada do filme, a formula tentei esclarecer. Sendo todo elogios, sou sincero em dizer, os filmes italianos cultivam pra em mim uma espécie de paixão que na vida em si, não consigo sentir., a ponto de  essa comédia ter todo o tom ironico de um bom drama, com os defeitos e virtudes de seus personagens, visto nao só pelo olhar do observador, mas tambem trasmitido por cada ser e seus anceios. Fico por aqui então, a busca de um pouco mais do cinema europeu, agora que estou encantado. É isso, espero que gostem !!

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