terça-feira, 10 de maio de 2011

O Silêncio - 1963

Cineasta: Ingmar Bergman
Gênero: Drama
Origem: Suécia
Legenda: Português
Formato: Rmvb


Finalizando então a trilogia do silêncio. Bem mais rápido que conclui a das cores, e não ter gostado mais, talvez pela maior coragem de enfrentar uma seqüência dessa vez. Mas sem comparações absurdas, vamos nos dirigir a trilogia que concluo, somado a uma analise em especifico do terceiro episódio. Portanto a velha formula.

O Silêncio mostra a história de duas irmãs e suas dificuldades nos relacionamentos. Esther e Anna viajam com o filho da segunda para a Suécia, mas têm sua viagem interrompida por um imprevisto em um país desconhecido. Hospedadas no hotel, elas começam a confrontar o vazio existencial de suas vidas.

Bergman alternou mais uma vez o seu modo de abordar o vazio que existe em cada um de seus personagens. Dessa vez ele mostra duas irmãs, que são motivadas por uma espécie de rancor que nasce a partir das qualidades e defeitos de ambas. Esther é o intelecto da familia, o que Anna admira e detesta simultaneamente. Esther vê na irmã um erotismo que a degrada, tanto por repulsa, quanto por vontade de ser do mesmo modo. O amor entre elas está cada vez mais frio, e o estado debilitado de Esther só piora isso, mais vulnerável ela não consegue mais esconder repulsa, inveja, e outros sentimentos que só distanciam as duas. O engraçado, é sentir em Esther um sentimento de posse pela irmã, se não fosse citado o parentesco das duas, poderíamos pensar em um relacionamento lésbico. Aliás é ai aonde eu quero chegar com relação ao modo diferente de Bergman nos envolver na trama, ele utiliza-se muito da imagem independente do dialogo nesse episódio, dando formas para seus personagens, Anna como um estereótipo sensual, aparentemente forte, Esther como um ser intelectual e fragilizado, tanto fisicamente quando emocionalmente. E ainda a a personificação da inocência em um terceiro personagem, o filho de Anna, que se relaciona de modo afetivo com ambas, não as distinguindo por suas diferenças. 

É engraçado analisarmos até quanto uma admira a outra e mesmo assim sente repulsa por não conseguir ser igual, e desse modo elas vão destruindo os laços que as unem, a não ser pelo garoto, que simboliza uma união inevitável. O vazio dessa vez é por não suportar ver aquilo que você gostaria de ser tão próximo de si, de modo que isso passa a ser um fardo. Bergman nos mostra isso com imagens delicadas, simplistas, que contudo carregam toda a informação necessária. Notem que nos três longas os personagens são afastados da civilização que os compreende, nesse embora cercado por mais pessoas, nenhuma fala a língua dos três personagens centrais, o que enfatiza a sensação de solidão, por meio da incompreensão. Tudo foi milimetricamente coordenado para O Silêncio fechar com chave de ouro o propósito de Bergman de nos mostrar um vazio construído as vezes por banalidades, ou falta de esperança, ou o inverso, o vazio que não nos permite ter esperança, nos deixando a deriva de tudo que ocorre, sem nossa vontade, mas com completa aceitação. Divaguei um pouco agora ? Velha mania, sem muito mais o que falar, apenas acrescento que esse tipo de cinema não busca o entretenimento, mas fala por uma geração, por seus anseios, uma exibição psicológica, artisticamente retratada, um quadro  com sensações em movimento, enfim, um bom filme !!

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