domingo, 8 de maio de 2011

Através de um Espelho - 1961

Cineasta: Ingmar Bergman
Gênero: Drama
Origem: Suécia
Legenda: Português
Formato: Rmvb



Salve !! Ontem já postei Ingmar Bergman, eu sei, contudo continuei acompanhando algumas obras dele por esses dias, e decidi iniciar a sua importante trilogia do silêncio. São filmes que falam basicamente de sentimentos reprimidos, ou mesmo a falta deles, a sensação de perder muita coisa, por não conseguir assimilar a vida, procurando refugio, longe da realidade convencional, para afirmar essa proposta, Bergman aprofunda na falta de comunicação entre os seres humanos, o que origina toda uma falta de compreensão entre distintas personalidades. É interessante analisar como um todo, contudo vamos focar no filme de hoje em si, portanto a velha fórmula sugere uma sinopse.

 Isolados em um conjunto de ilhas, quatro pessoas da mesma familia passam por uma situação difícil, eles não se compreendem. David, o pai de dois deles, Karin e Frederik, é escritor, famoso e bastante envolvido com o trabalho, fato que o mantém ligeiramente distante dos demais familiares, ele vai pra lá não por férias, mas para finalizar o que pode ser sua obra prima. A filha mais velha acaba de receber alta, após momentos de intensos distúrbios psicólogos, e foi aconselhada a passar férias num lugar calmo (as ilhas); seu marido Martin é um homem paciente que ama a ama, contudo a degeneração da consciência da esposa o está desgastando como se ele morresse aos poucos ao lado dela. O último personagem é o filho mais novo do escritor, um adolescente de 17 anos que ainda não amadureceu, tendo medo das mulheres, e vivendo incomodado por não conseguir se comunicar com seu pai.

Bergman fala do vazio existencialista, e brinca mais uma vez com a realidade opcional, Karin é talvez o personagem mais trabalhado, por ser o reflexo do abandono paterno, e herdar a doença degenerativa de sua mãe, ela escolhe por um mundo em que os outros personagens não sabem lidar. David por sua vez, não entende qualquer sentimento disposto pelos outros, sempre viveu para si, fugindo a sua forma da realidade desgostosa de sua família. Ele passa a assimilar o amor que tem por eles, mas a sua maneira, pois também é um personagem complexo, que não tem certeza de nada, tal como a existência de Deus, a união familiar, aprimorando-se no mundo paralelo de seus livros. Penso que cada um dos personagens criou um mundo, Martin por exemplo, busca ser o suporte de sua esposa, como se carregasse tudo nas costas, em seu mundo apenas o amor por ela basta para conviverem, enquanto vão ficando cada vez mais distantes pela doença dela. Minus (Frederik) parece ser o maior contato do grupo com a realidade, mesmo com os seus próprios demônios, ele percebe a falta de comunicação de todos, tornando-o um personagem mediador, alguém que almeja que tudo aquilo mude, e cada um saia de seu sofrimento mudo. 

Repleto de dúvidas, o primeiro capítulo da trilogia termina como deve, com um dialogo que mesmo curto, quebra as barreiras de comunicação entre pai e filho, os personagens opostos na trama. Mas as idéias e sensações enquanto ao vazio, ou mesmo a veracidade, realidade nas formas que julgamos convencionais, continuam passivas de compreensão e reflexão. Filmes assim, ensinam não só cinema para os tempos de hoje, tal como vão a fundo na vontade de conhecer nós mesmos, os criadores do drama. Bom filme !!

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