Gênero: Drama
Origem: Brasil
Áudio: Pt-Br
Formato: Avi
Salve !! Vamos a estréia de um longa nacional no blog, e nada melhor que começarmos com Glauber Rocha, o mais renomado diretor brasileiro no mundo. Confesso que só assisti esse filme ontem, contudo pude compreender o quão repleto de simbolismo ele é, abrangendo uma crítica que vai das maquinas governamentais até a própria consciência de existência do nosso povo. Aliás fica ai o destaque do longa aos meus olhos, não é uma grande produção visual, passa longe disso, mas em termos filosóficos, contém um roteiro exageradamente cru, provocando cada sensação, até mesmo a repulsa por tanta miséria, ignorância e até mesmo descaso. Descaso seria a palavra certa ? Ou de caso pensado o sertão brasileiro foi manipulado para que daquele modo, poucos enriquecessem e controlassem o poder ? O fato é que por muito tempo o coronelismo dominou o nordeste, e isso em menor escala é vivo até hoje, o que valoriza ainda mais a crítica do de Glauber Rocha, que se mantém atual, e não apenas como mais uma página na história.
Em termos cinematográficos, o filme pontuou o inicio do "Cinema Novo" no Brasil, esse novo jeito de fazer cinema propunha ser o reflexo da realidade, um veiculo que colocava a crítica a cima do entretenimento, resposta para a situação vigente. E para isso ele usou técnicas que incomodassem o espectador, afinal esse era o objetivo, ser pitoresco o suficiente para chamar atenção. A câmera que foi utilizada na mão do cinegrafista por exemplo, dava a sensação do espectador ser mais um componente do filme, daquele sertão dilacerado, eu diria até mesmo que Rocha tentou fugir de toda a estética comum de grandes produções, a montagem foi modificada, cheia de elipses, algumas borrando a imagem, e todas não tendo um plano continuo completo, salpicadas com uma trilha sonora ruidosa, ou em alguns momentos o completo silêncio, que consegue ser ainda mais perturbador. O engraçado é mexer tanto com o público em uma época que todos viviam de ilusões, reflexo do governo de Juscelino Kubitschek, um banho de agua fria nos alienados.
O filme é dividido em três blocos, que mesmo cheio de fragmentos ainda são lineares. O primeiro apresenta a situação do protagonista, sua vida difícil sem muitas esperanças. O segundo mostra ele completamente jogado ao desespero da fé, fé em Deus, fé em vingança, fé em dias melhores, não importa, apenas cego por sua crença. A terceira é uma espécie de libertação, aonde no fim do filme o cantador, um espécie de voz narrativa que simboliza a crença do protagonista em todos os blocos, anuncia que "a Terra é do homem, não é de deus nem do diabo" e a metáfora tão utilizada durante o filme todo, falando a respeito do mar e do sertão se transforma em imagem, pregando a liberdade do personagem.
Tocando um pouco mais a fundo na fé, eu falei acima sobre o coronelismo, mas não podemos ignorar a crítica a religião, a crença cega que o filme aborda. O povo absurdamente ignorante, necessita desesperadamente de um Deus, e seus santos milagreiros, um povo que sofre com a seca, com a falta de esperança, e se apega a uma divindade que um dia vai liberta-los de tanto sofrimento. E por muitos anos essa foi a unica explicação aceitável para o nosso povo, que cego de sofrimento foi escravizado por ideologias católicas, que os manipulavam facilmente para a permanência do poder da Igreja, e até mesmo para acordos políticos. Veja não estou criticando o Cristianismo ou algo do tipo, isso é um conceito de cada um, só estou colocando a minha interpretação sobre a visão de Glauber Rocha sobre a situação que ele abordou. Um ponto inclusive que marca isso, é a cena em que Antonio, "o matador de cangaceiros", é pago para eliminar o beato Sebastião, que vinha manipulando a fé de muitas pessoas, incomodada pela perda de adeptos a Igreja manda Antonio atrás de Sebastião, isso resume sem muitas explicações aonde eu quis chegar. Por aqui paramos.
Foi tudo o que pude compreender, politica, religião, alienação, manipulação, pobreza, são os temas do filme do premiado diretor brasileiro Glauber Rocha, espero ter começado com o pé direito a minha analise de filmes nacionais no blog, e depois da paciência de ler todos os meus devaneios, só desejo que curtam um bom filme, ou melhor uma aula de história do Brasil.
Achei que fosse mais novo esse filme. anyway, vou assistir assim que puder.
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