quinta-feira, 31 de março de 2011

Weekend a Francesa - 1967

CINEASTA: JEAN-LUC GODARD
GÊNERO: AVENTURA/
COMÉDIA
ORIGEM: FRANÇA/
ITÁLIA
DIÁLOGO
: FRANCÊS
LEGENDA
: PT-BR
DURAÇÃO
: 105 MIN
FORMATO: RMVB


"Estou aqui para informar o fim da era da linguagem e inicio da era das extravagancias, especialemnte no cinema."


Godard...Tem definição perfeita que eu possa utilizar para descrever Godard ? Meu espanto supera a minha admiração, e isso não é algo ruim. O fato é que para entender seus filmes é necessário mais do uma boa interpretação, eu diria que uma bagagem muito grande de conhecimento ainda teria dificuldades em absorver 100% de suas idéias, citações e criticas. No máximo do que pude compreender (e não estou sendo presunçoso) tentarei montar uma analise que omita qualquer buraco, formado por minha pouca bagagem. Contudo fico motivado, pois apenas passando a experiência é que vou parando e conhecendo ainda mais, nesse sistema pós filme. Sem mais divagações (estou ficando bom nisso) vamos a obra.

Imaginem uma história "concreta", aonde um casal resolve viajar até a casa do pai da moça, pois esperam pela sua morte já arquitetada, na esperança de ficar com a herança, contudo no meio a o que deveria ser uma viagem comum se deparam com um universo completamente surrealístico, cheio de carros destruídos, pessoas mortas, um homem que diz ser o filho de Deus, e tantas outras coisas bizarras. O interessante é que no inicio dessas loucuras, o casal parece imune aos acontecimentos até certo ponto, aonde tudo passa a reverter sobre eles. O que enriquece a obra no entanto é toda a crítica de Godard contra o consumismo, tudo o que vemos desfigurado são características de uma civilização atordoada pelo alto consumo, pelo valor excessivo aos bens materiais, e o caráter sendo formado a partir desse principio. Um jogo para comprovar isso que me chamou atenção, foi na formação dos protagonistas, que simbolizam a geração capitalista, eles são moldados de forma negativa, afinal são assassinos, rudes, infiéis, que tem como único objetivo gastar dinheiro. Nesse ponto podemos falar mais amplamente da política que Godard defende em seu longa, ele cita Marx, a revolução francesa, reitera o direito de igualdade sob o ponto de vista dos africanos, prejudicados por séculos de manipulação. Todos jogos que amplificam o roteiro do mestre francês, pois o filme em si passa a ter segundo plano, sendo apenas um veiculo  para alertar o mundo sobre seu comportamento. E ainda temos espaço para a cultura, a cena em que um pianista está em um lugar feio (um deposito ?) tocando Mozart e falando sobre ele, é sensacional, ainda que o lugar contrasta com a beleza da musica, assim como o final de Mozart um gênio enterrado como um indigente. Proposital ? Eu sou capaz de acreditar.

Vamos concluir, não quero me exceder, embora esse post mereça, apenas pincelando a técnica, Godard abriu qualquer barreira do cinema narrativo criando uma alegoria alucinada que anuncia "o apocalipse", e o espaço-temporal passa a ter outro significado, é impressionante e meio indescritível para esse humilde cinéfilo. Basta dizer que fico mais embasbacado que maravilhado, e repito, isso não é ruim. Chega de tantas delongas, esse é um filme conceitual, para os amantes do cinema e para os estudiosos, um exercício de desconstrução da sociedade contemporânea. É isso espero que gostem !!

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