Direção - Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer
Gênero – Drama e Ficção Científica
Origem – Alemanha, EUA, Hong Kong e Singapura
Duração – 171 minutos
Formato - RMVB
Idioma - Inglês
Legenda - Português
Olá Pessoal! Venho trazer mais uma resenha aos leitores do CinePub Café. Desta vez falarei do filme “A Viagem”, uma produção bastante complexa de ser analisada. Portanto convido cada um de vocês a embarcarem nessa viagem comigo. Preparados?
O filme foi baseado na obra do excelente escritor inglês David Mitchell e recebe o nome original de Cloud Atlas, traduzindo para o bom português “Nuvem Atlas” ou “Atlas das Nuvens”. Mais uma vez, infelizmente a tradução por aqui falhou novamente. Dessa vez não atrapalhou a mensagem nem o sentido da obra em si, mas em outras situações isso distorce bastante as coisas, confundindo os espectadores até certo ponto.
No livro lançado em 2004, o autor conta seis diferentes histórias que vão desde o remoto Pacífico Sul no século XIX até chegar a um futuro pós-apocalíptico. Ao longo das 544 páginas o autor nos mostra cada uma das cinco primeiras histórias que são interrompidas em um momento chave. Cada história depois de contada é observada em seguida pelo personagem principal da história seguinte. Depois da sexta história, as outras cinco histórias são retomadas novamente desde o começo, só que dessa vez em ordem cronológica inversa e cada uma termina com seu respectivo protagonista observando o desfecho da história anterior. Por fim os leitores terminam o livro onde tudo começou com o personagem Adam Ewing no século XIX na região do Pacífico Sul.
David Mitchell disse certa vez que não seria possível realizar uma adaptação da obra literária para o cinema, pois no livro é contada de um jeito bastante particular e único. Portanto, o filme não conseguiria atingir essa proposta. Atualmente em Outubro de 2012 em um artigo intitulado “Traduzindo Cloud Atlas” escrito para o jornal Wall Street Journal, Mitchell disse que estava satisfeito com o resultado final do filme, pois conseguiu de forma bem sucedida à conversão da obra em livro para o cinema.
Será mesmo que o filme cumpriu essa proposta? Saberemos a seguir!
Confesso que minha ansiedade era muito grande para ver na telona como essa história seria contada pelos irmãos Andy e Lana Wachowski (Trilogia Matrix) e Tom Tykwer (Corra Lola Corra e Perfume: A História de um Assassino). Eles escreveram, produziram e dirigiram o filme.
O mais interessante disso tudo é que esse trio resolveu contar a história de uma forma diferente da apresentada na obra original. Ao invés de seguir a ordem cronológica como apresentada no livro, eles resolveram contar as seis histórias sem seguir essa ordem, ou seja, de forma aleatória. Isso pode ser visto durante todo o filme e com toda certeza dará um nó na cabeça de muita gente que não está acostumada a assistir filmes de Ficção Científica ou estiver desatenta de certa forma em algum momento ou com relação a cada detalhe do filme. Sem dúvida essas pessoas estarão completamente perdidas ao longo da trama e sairão do cinema com a sensação de que o filme foi ruim ou completamente difícil de entender. Portanto, fiquem atentos a cada detalhe pessoal.
As seis histórias que os espectadores acompanharão são:
1) Ano de 1849 mostra uma história sobre escravatura onde o destaque fica por conta do “Movimento de Abolição da Escravatura”;
2) Ano de 1936 mostra uma história sobre um amor homossexual proibido e a criação de uma obra prima musical chamada “Sexteto Nuvem Atlas”;
3) Ano de 1973 mostra uma investigação jornalística sobre usinas nucleares na cidade americana de São Francisco;
4) Ano de 2012 mostra uma comédia sobre um grupo de idosos que tentam fugir de um asilo;
5) Ano de 2144 mostra a nova cidade futurista de Seul, contando a história de uma atendente que trabalha numa cadeia de restaurantes e que por fim acaba tornando-se líder de uma grande revolução;
6) Ano de 2321 onde mostra um lugar chamado “A Ilha Grande” datada na história 106 invernos após “A Queda” onde mostra uma sociedade primitiva chamada “O Vale”, depois que a maior parte da humanidade morreu.
A complexidade da história vai além e mostra diferentes personagens em muitas épocas diferentes. Mostrarei aqui os atores que foram bem sucedidos na obra e que merecem grande destaque devido suas atuações em seus respectivos papéis. Foi uma grande sacada aproveitar os atores para fazerem mais de um papel no filme. Os espectadores curiosos ficarão felizes com isso. Abaixo listei o nome e os papéis de cada um deles.
Jim Sturgess - Adam Ewing (1849), Torcedor rebelde (2012) e um herói (2144);
Doona Bae - Tilda Ewing (1849), Uma Mexicana (1973) e Sonmi-451 (2144);
James D’Arcy - Rufus Sixsmith (1936), Rufus Sixsmith (37 anos depois), Enfermeiro James (2012) e o Arquivista (2144);
Halle Berry - Maori (1849), Jocasta Ayrs (1936), Luisa Rey(1973), Uma indiana (2012), Ovid (2144) e Meronym (2321);
Jim Broadbent - Capitão Molyneux (1849), Vyvyan Ayrs (1936), Timothy Cavendish (2012), Pobre Músico (2144) e um Presciente (2321);
Hugh Grant - Reverndo Giles Horrox (1849), Funcionário de um hotel (1936), Lloyd Hooks (1973), Denholme Cavendish (2012), Seer Rhee (2144) e um Canibal (2321);
Hugo Weaving - Haskell Moore (1849), Tadeusz Kesselring (1936), Bill Smoke (1973), Enfermeira Noakes (2012), Boardmen Melphi (2144) e Old Georgie (2321);
Tom Hanks - Dr. Goose (1849), Gerente de Hotel (1936), Isaac Sachs (1973), Dermot Hoggins (2012), Timothy Cavendish (2144) e um Pastor de Cabral (2321);
No filme muitas frases de efeito serão mostradas durante as seis diferentes histórias. Gostaria de compartilhar algumas delas com vocês. Elas são ótimas para reflexão. Vejam algumas delas:
“Ser, é ser percebido. E assim, para conhecer a si mesmo só é possível através dos olhos do outro. A natureza de nossas vidas imortais, está nas consequências de nossas palavras e ações, que vão, e estão se esforçando à todo instante.”
"Este mundo tem uma ordem natural, e aqueles que tentam subvertê-la não se dão bem."
"Nossas vidas não são nossas. Estamos vinculados a outras, passadas e presentes. E de cada crime, e cada ato generoso nosso, nasce nosso futuro."
O filme aborda vários assuntos muito interessantes como filosofia, espiritualidade, misticismo, Nova Era, Teoria do Caos, Neoshamanismo, entre outros. Um ponto muito positivo é a ligação entre os personagens em diferentes momentos e épocas onde a história é contada. Vamos vendo melhor isso ao desenrolar da trama, principalmente durante a metade até o final do filme.
Com toda certeza não é um filme de fácil assimilação e entendimento pleno se apenas for assistido uma única vez. Os espectadores que gostarem da trama assistirão outras vezes sem dúvida. Isso ajuda bastante na percepção da obra como um todo, abrindo espaço para um novo olhar com relação à história apresentada.
Uma premissa resume toda a obra: “Tudo está conectado”. Se transportarmos para nossa realidade imediata, a principal mensagem desse conceito é que estamos conectados com pessoas tanto do passado (nossos antepassados), quanto no presente e ainda no futuro de alguma forma com pessoas que talvez nunca tenhamos contato nem aproximação. Isso abrirá uma discussão sobre “reencarnação” do ponto de vista espiritual e ela curiosamente está presente no filme em muitos momentos.
Outra questão que merece destaque é o fato de como uma obra feita no passado deixa seu legado e cativa pessoas no presente mexendo de forma única no futuro é mostrada de forma ímpar. O exemplo mais visível no filme é sem dúvida o Sexteto Nuvem Atlas. Existem muitos, mas deixarei como fator surpresa para que todos assistam ao filme e descubram por si próprios.
Com relação ao Figurino e Fotografia são apresentados de forma simples no filme, mas a Maquiagem merece destaque, pois é responsável por tornar a mudança entre os diferentes personagens nas seis histórias um fator muito efetivo e direto, facilitando o entendimento e a diferenciação de cada um deles na trama e sua compreensão Ainda saiu vencedor com um Globo de Ouro como melhor Trilha Sonora Original. O roteiro foi escrito de forma excelente e merece grande destaque.
Muitos de vocês irão me perguntar: Thiago, os irmãos Wachowski conseguiram superar a Trilogia Matrix em termo de qualidade? A minha resposta a vocês resume-se a três letras, não! Tanto a imprensa mundial quando os espectadores, principalmente os fãs de Matrix estavam ansiosos pelo retorno de um novo projeto que levasse o nome Wachowski de alguma forma. A expectativa era realmente grande e considero-os “Gênios” desde sempre no que se propõem a fazer (dirigir, escrever e produzir). Matrix sempre será um divisor de águas tanto na Ficção Científica quanto por sua importância singular no cinema mundial e talvez jamais eles consigam consolidar um trabalho tão único quanto esse.
Por outro lado a boa notícia é que os fãs da Trilogia Matrix curtirão a história que se passa no ano de 2144, mostrando uma Seul completamente futurista. Lá a temática Cyberpunk é o pilar de sustentação com relação ao enredo específico dessa história. Confesso que curti todas as seis histórias, mas essa foi uma das que mais gostei no filme. A visão apocalíptica apresentada está totalmente ligada ao fato dos rumos que nossa sociedade e mundo no geral estão tomando e nossas próximas gerações.
O filme é excelente. Para os espectadores que tem a mente aberta com relação a preconceitos e aceitação a novos modos de opinião/crítica irão se deliciar com a obra, inclusive para os fãs de Ficção Científica e com relação aos trabalhos anteriores dos respectivos diretores citados nessa resenha.
Então prepare bastante pipoca e separe litros de refrigerante para curtir esse filme espetacular!
Um ótimo filme a todos!
Grande abraço e até a próxima!
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