segunda-feira, 9 de maio de 2011

Luz de Inverno - 1962

Cineasta: Ingmar Bergman
Gênero: Drama
Origem: Suécia
Legenda: Português
Formato: Avi

”Se Deus realmente não existe, isso faria alguma diferença?”


Continuando então a trilogia do silêncio. Reprisando a analise do post anterior, a trilogia busca mostrar o vazio, as incertezas que perpetuam dentro de nós, a falta de comunicação foi um ponto mais em alta no primeiro longa, Através de um Espelho, já em Luz de Inverno, Bergman começa a explorar mais um dos pontos que no anterior foi exposto de maneira mais sutil, o silêncio de Deus. Contudo para continuarmos a nossa empreitada, eu sugiro a minha velha formula.

Jonas, um simples pescador, a pedido de sua esposa, busca ajuda de um pastor quando descobre que a China tem uma bomba atômica e pretende usá-la. No entanto o pastor, passa por uma séria crise de fé, incomodado por tudo de ruim que acontece sem sentido, sem propósito aparente, sendo assim não há meio para que o pastor possa ajuda-lo. O padre (Tomas), não consegue superar a morte de sua esposa, o que desencadeou suas incertezas, angustias, algo que pode sim mexer com a fé de um homem. No fim padre e pescador tem as mesmas duvidas, e a fé em Deus parece não ser resposta para nenhum dos dois.

Se Bergman havia colocado Deus no seu primeiro longa da trilogia como uma das fugas de um personagem mentalmente desequilibrada, ou um escritor vazio, agora ele da uma vazão muito maior ao sentimento de silêncio com relação a fé, mostrando homens perdidos, sem a direção que sempre esperaram em um ser divino.  Nesse capitulo, o cineasta mastiga um pouco mais os significados, deixando tudo de certa forma pronto, por isso os diálogos são muito bem trabalhados, contendo todo o significado necessário, atribuindo a imagem dessa vez um segundo plano. Ainda que como sombra do anterior, Bergman continua a pregar o amor como a unica divindade certa dos seres humanos, mas que ainda sim seus personagens não são capazes de demonstrar ou sentir isso completamente. Tomas por exemplo tem uma amante, da qual ele enxerga tanto de sua esposa, que sente repulsa por ela ser tão parecida com quem ele amou, ai somos direcionados para as magoas que um sentimento destruído pode construir, o que reflete diretamente no Deus que ele havia idealizado, que só esteve com ele até aonde ele foi feliz. É basicamente isso com que nos deparamos em Luz de Inverno, quando perdidos recorremos a algo maior, que nos responde com um silêncio terrível, que passa a ser monstruoso (lembrando a citação de um Deus aracnídeo nos dois longas). Não é um filme que diz respeito a Deus propriamente, Bergman sabe fugir um pouco desse contexto, ele foca os sentimentos e a fé, como instrumentos que se complementam, e em um estado de vazio a fé não tem espaço. Estou satisfeito por aqui, então desejo a todos um bom filme !! Uma auto analise quem sabe...

Nenhum comentário:

Postar um comentário