quinta-feira, 7 de abril de 2011

Barry Lyndon - 1975

CINEASTA: STANLEY KUBRICK
GÊNERO: DRAMA
ORIGEM: REINO UNIDO
DIÁLOGO: INGLÊS
DURAÇÃO: 184 MIM


Kubrick !! Confesso que há tempos quero postar esse filme do mestre, no entanto a internet não me ajudava (engraçado como ela resolveu colaborar). Se Barry Lyndon não é o filme mais genial da filmografia do Kubrick, é com certeza o mais bonito, estéticamente perfeito, fotografia divina, com um investimento e tanto (Kubrick encomendou lentes da NAZA para realizar a obra). Um deleite visual que tem espaço o suficiente para um roteiro rico, que visa a crítica na transformação do homem por meio de suas influências. 

Dando uma pincelada, o filme conta em detalhes e sem pressa a trajetória de um simples jovem irlandês que alcança o topo da sociedade inglesa. Com maestria as cenas são  bem fixadas na mente do espectador, não só pela beleza com que se reproduz a época, mas tambem pela forma de contar os fatos. A evolução do nosso personagem não inclui apenas sofisticação, sua personalidade é completamente deturpada pela ambição, pelo sofrimento de servir a senhores diferentes com os mesmos ideais errôneos. Nosso personagem carrega o nome do filme, e para facilitar a compreensão da minha analise vou a uma breve sinopse. 

Barry (Ryan O’Neal) é um jovem irlandês aventureiro que é obrigado a deixar seu país após vencer um duelo armado, em pleno século XVIII. Nesta trajetória, passa por diversos obstáculos, envolvido na guerra, na jogatina, até alcançar a alta sociedade inglesa e tornar-se, através de um casamento com uma viúva local, um dos nobres da região. Mas seu destino não será feito apenas de glórias, pois a crítica vai além, e cai sobre nosso personagem não como culpa, mas com resultados que definem a sua verdadeira realidade. Agora como analise, vemos transição de um jovem idealista e correto para um homem interesseiro e grosseiro é extremamente lenta e quase imperceptível, graças ao ritmo empregado à narrativa. Desta forma, mal percebemos que Barry sofre tamanha transformação, até porque o personagem jamais é retratado como uma pessoa boa ou má, como a mensagem final faz questão de reforçar. Mesmo quando se mostra um péssimo marido e um homem violento, especialmente contra seu enteado, Barry também demonstra qualidades que o aproximam do espectador, como o fato de ser um excelente pai.

Como já ressaltei a beleza das cenas, que foram inclusive inspiradas em quadros da época, Barry Lyndon não vive só de fotografia. Uma curiosa característica do roteiro é não fazer questão de surpreender o espectador, revelando detalhes importantes com considerável antecedência através do misterioso narrador, que avisa, por exemplo, a futura morte de Bryan (David Morley) e, desta forma, prepara o espectador para o que virá a acontecer, evitando o melodrama. Observe que até mesmo os capítulos revelam o destino de Barry nas duas vezes em que aparecem. A narração, aliás, é um dos destaques do longa, repleta de frases irônicas e satíricas, como quando o narrador explica que o casal Lyndon passa a viver separado para que a mãe cuide das crianças enquanto Barry se encarrega dos prazeres do mundo. O bom humor também se mostra presente nas criativas formas em que Barry encontra para escapar das diversas situações em que se envolve, como quando acidentalmente se depara com os uniformes de dois líderes homossexuais do exército britânico ou quando se passa pelo Chevalier (Patrick Magee) para fugir de Berlim e do exército da Prússia. 

Vamos a uma definição (injusto mas necessário) Barry Lyndon é belo, rico e refinado, tão lento quanto o necessário, contudo lamentável quando chega ao seu final, não é apenas a vida de um personagem, é um trabalho impecável de história e arte de encher os olhos. Bem é isso, uma boa aula de arte, ops, um bom filme !!

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