GÊNERO: DRAMA
DIÁLOGO: ITALIANO
LEGENDA: PT-BR
DURAÇÃO: 140 MIN
COR: PRETO E BRANCO
Eu demorei pra ter coragem de assistir esse filme. Fellini assim como Godard, representa grande desafio, mesmo para um cinéfilo, um recém nascido então...Contudo, tendo em vista que. voltando algumas vezes determinadas cenas, parando para pensar em algumas outras, extrai tudo o que me foi possível dessa experiência para passar aqui para o blog. Fiquei maravilhado, não prometo que essa será a reação de todos, afinal a cortina que separa os sonhos, pensamentos, realidade, em Oito e Meio "esqueceu" de ser fechada, e fica a total critério do espectador não perder nenhum detalhe.
Guido Anselmi é um aclamado diretor, que passa por uma fase ruim em sua carreira. Ele entra em outro projeto, pretende fazer um filme, mas não tem idéia por onde começar, o que contar e como contar. Além da falta de criatividade, Guido tem problemas com Luisa sua esposa e Carla sua amante, o que o deixa ainda mais atordoado. Todos estão pressionando para que ele aponte o rumo de seu projeto, mas o diretor faz de tudo para escapar da pressão. Sendo assim, ele se interna em uma estação de águas. Lá, tenta de algum modo introduzir em seu filme a sua própria história, seus devaneios e até mesmo seu passado, aonde acaba envolvendo até mesmo o catolicismo de modo depreciativo e vago, sem qualquer expressão. Pois bem, começaremos nossa análise por ai. A mescla entre a realidade, lembranças e imaginação são iniciadas na estação de águas, que para acentuar isso, tem um aspecto irreal, a própria coloração é mais branca que o habitual, somando assim com a sensação de bloqueio criativo vivida pelo cineasta.
Fellini abusa da fragmentação narrativa, o que nos causa duvidas no inicio do filme. Surrealista até os mais ínfimos detalhes, Batendo um pouco mais na mesma tecla, Oito e Meio oferece ao espectador distinguir entre o que é real e o que é imaginação ou recordação na jornada dentro da mente e dos anseios do diretor Guido. Tudo passa assim a esta adquirir tons de sonho enevoado (como na cena em que ele se vê diante do pai), trágica travessura (na seqüência em que ele, criança, dança com a prostituta), e mesmo viagens impregnadas de um egocentrismo retratado de forma sublime (quando Guido imagina todas as mulheres de sua vida servindo-lhe como escravas num harém, e dentro do sonho joga uma das mulheres para "escanteio", tendo um leve toque de "Crepúsculo dos Deuses", mágico).
Falando um pouco das atuações, Mastroiainni interpretou um de seus melhores papéis. Dado a honra de ser o alter-ego de Fellini, ele encarna com perfeição a infelicidade de um diretor em sua pior fase, sem rumo, pressionado, cercado de dúvidas e questões pessoais inacabadas, entre sua esposa e sua amante, sua dificuldade de sentir amor e assim não poder falar de amor. A amante, Carla, que também é casada, foi muito bem interpretada por Sandra Milo, ela é também uma personagem cheia de dúvidas: ao mesmo tempo que parece feliz ao lado de Guido, a todo momento ela é flagrada falando de seu marido num tom carinhoso. Anouk Aiméé interpreta Luisa, a mulher de Anselmi, ela também se mostra insegura, mesmo estando consciente do adultério do marido, Luisa ainda não tem certeza se deseja mesmo largá-lo,
Oito e Meio é um desafio até mesmo para o francês Surrealismo, e não é apenas repleto de momentos lúdicos, serve ainda como crítica em diversos prismas, para o mundo do cinema, para o mundo dos negócios e a intervenção na arte, até mesmo do mundo repleto de mentiras que os seres humanos estão habituados a experimentar, e por fim a falta do amor. Oito e Meio, marca o início do Modernismo cinematográfico, quando o Cinema passa a ter consciência de seu papel, e ainda mais em particular o amor de Felinni em fazer filmes, um obra muito particular do grande gênio italiano. Bem fui ao máximo que permitiu minhas primeiras impressões. É isso espero que gostem !!
loucura total
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